Josué Montello tem-se na conta dos principais historiadores da Academia
Brasileira de Letras. Pesquisador laborioso, “fuçador” que não aquietava
enquanto não tivesse em mãos a informação desejada, como resultado de suas
investigações nessa seara publicou: Pequeno
Anedotário da Academia Brasileira. Anedotário dos Fundadores. São Paulo:
Martins Fontes, 1974, 2.ª ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1980; Primeiras Notícias da Academia Brasileira de
Letras. Rio de Janeiro: ABL, 1997 e A
Academia Brasileira entre o Silogeu e o Petit Trianon. Rio de Janeiro, ABL,
1997.
Montello é dos “principais historiadores” não só pela obra
historiográfica em si, que a Academia é pródiga em quem lhe descubra as
antiguidades. Mas pela componente de afeto que adicionou a cada trabalho seu em
prol da Casa que tanto prezou e que presidiu entre 1994 e 1995.
Neste sentido, é interessante como o exercício dos cargos de gestão de
uma entidade tem o poder de despertar no que o ocupa uma curiosidade saudável, o
mais das vezes condicionando-o a investigações e até tentativas de síntese,
histórica e institucional, que não raro vêm a público. De minha parte, as
tentativas se deram não só no Notícia
sobre o Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo (2003) mas
também no “Para que tantas tradições não
passem quase obscuramente”: Reflexões sobre o IHGES (2014).
A Academia Espírito-santense de Letras teve também seus historiadores,
mesmo que falte, ainda, compêndio que sistematize sua história com o grau de
pormenorização que é de esperar. Inobstante isto, conhecemos seus primeiros
tempos graças à iniciativa de Elpídio Pimentel, primeiro ocupante da cadeira
12, cujo patrono é Gonçalo Soares da França, e o primeiro secretário da Casa,
que conservou as atas das reuniões preparatórias e colecionou as notícias
iniciais publicadas na imprensa local a respeito da fundação.
Adiante, e até o ano de 1944, conhecemos minúcias sobre o dia-a-dia da instituição
pela obra de Eurípides Queiroz do Valle, A
Academia Espírito-santense de Letras: Resenha Histórica. Primeiro ocupante
da cadeira 27, cujo patrono é Afonso Cláudio de Freitas Roza, Valle é o acadêmico que por mais
tempo exerceu a presidência, de 1941 a 1963. A obra citada, ele a apresenta
como uma “resenha histórica da Academia Espírito-santense de Letras”, e
esclarece:
“Resenha, porque é apenas uma enumeração rápida e despretensiosa
de fatos”.
“Histórica, porque essa enumeração, partindo das
origens da Academia (1921), vem acompanhando o seu desenvolvimento até essa
segunda metade de 1944.”
Na sessão a que chamou “Efemérides
Acadêmicas” coleciona dados a respeito de fatos e de acadêmicos, que por sua
importância reproduzi no volume Documentos
da Academia, que organizei em 2009. Ainda, uma seção a que chamou
“Bibliografia da Academia”, em que lista todas as obras de acadêmicos
conhecidas naquela data. Estas duas seções, aliás, trabalhos que não tiveram
seguimento - ou ao menos nada mais foi posto a prelo, dando continuidade ao
trabalho de Valle.
Uma terceira seção, “Quadro Geral de Patronos e Acadêmicos”, foi
desenvolvida e muito enriquecida pelo esforço de um terceiro historiador da
Casa, Elmo Elton Santos Zamprogno, secretário da Academia e ocupante da mesma
cadeira 27, sucedendo a Eurípides Queiroz do Valle. Em 1987, Elmo Elton
publicou A Academia Espírito-santense de
Letras, Casa Kosciuszko Barbosa Leão: Patronos e Acadêmicos onde, após uma
breve resenha histórica, traça as linhas biográficas dos 40 patronos e os, até,
então, 49 acadêmicos.
Essa monografia de Elmo Elton foi ampliada, e vem sendo atualizada desde
então, por Francisco Aurélio Ribeiro, que em 2006, na sua presidência, fez
publicar Academia Espírito-santense de
Letras: Patronos e Acadêmicos, marcando a passagem dos oitenta e cinco anos
de fundação da Casa. O trabalho encontra-se, já, em segunda edição, publicada
em 2014, com os acréscimos devidos às inúmeras realizações e à sucessão de
acadêmicos nos oito anos que permeiam ambas as edições.
Como registro, o meu Documentos da
Academia, que referi acima, traz documentos que são fonte primária para a
história da Academia, e foi concebido como uma contribuição para o trabalho de
sistematização da história da Casa, trabalho que está a procurar quem dele possa se
ocupar. Um dos inúmeros assuntos que merecem atenção, o da ocupação inicial das
cadeiras, estudei no artigo Notas para
uma História da AEL: sobre a composição inicial da Casa, publicado no
número de 2010 da Revista da Academia
Espírito-santense de Letras (pág. 69/79).
Que outras iniciativas venham.