Josué Montello dizia que a Academia de Letras é, acima de tudo, lugar de
convívio. E no Reencontro com meus
mestres: poetas e prosadores, afirma, mais, que “quem não sabe conviver,
afasta-se dali”.
É assim, um espaço de convívio (embora isento de qualquer das altas
preocupações acadêmicas) o nosso Sabalogos. Para mim, desde 2000, quando retornei
do mestrado em Lisboa. Chegando-me aos poucos, assim, como quem nada quer,
olhando os livros nas estantes por trás da mesa ocupada pelos tertulianos, gozadores
“autores capixabas”, acabei convidado por Renato Pacheco para me juntar a eles.
O que fiz, com o beneplácito de Michel Minassa Jr., que cuidou de iniciar meu
entrosamento com aqueles senhores. Foram dois sábados seguidos de aproximação.
Ali mesmo, na livraria Logos, no segundo sábado, Renato Pacheco
organizava o colóquio sobre os 500 anos do Descobrimento do Brasil, que teria
lugar no Instituto Histórico e Geográfico; convidou-me a falar alguma coisa
sobre a atualidade de Portugal, e retruquei oferecendo uma comunicação sobre a
música portuguesa na época do descobrimento. Não me pareceu muito agradado, mas
aceitou e agendou minha palestra. Posteriormente é que vim a saber que Renato
não era tido por muito musical...
Essa palestra, aliás, foi monitorada por ele, Renato, e mais João Bonino
Moreira e Luiz Guilherme Santos Neves, que da primeira fila do auditório,
braços cruzados, avaliavam a performance na estreia de minhas atividades no
Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo. Restou o texto impresso,
publicado nos Anais das Jornadas de
Navegação.
Portanto, a minha adesão ao Sabalogos pode-se debitar na conta do
Instituto Histórico. É que, embora a tertúlia tenha se originado do encontro
feliz entre João Bonino Moreira e Sérgio Bichara, consolidou-se com a adesão de
outro grupo de frequentadores, o grupo do Instituto Histórico e Geográfico,
como recordado por Hormízio Santos Muniz num boletim informativo da Casa.
O Sabalogos é obrigação de todo sábado. Agradável obrigação - há, para
mim, lá se vão quinze anos. A notícia do encerramento das portas da livraria
Logos da Praia do Suá, onde a tertúlia nasceu, encorpou-se e atingiu a
maioridade, tem deixado a todos nós meio que aéreos. Ou, como diz Pedro Nunes, “não
quero pensar nisso”.
O que vai acontecer daqui para frente?, preocupação inerente a toda e
qualquer mudança, de hábitos e de vida. Creio que um papel preponderante nesta
nova fase de “desterro” será desempenhado pelo Caco Appel e outros que, não tendo
estado presentes aos nossos “primórdios”, carregam uma carga afetiva menor com
relação à nossa quase-instituição.