26 de julho de 2012

O Pensamento de Renato Pacheco (Escrita e Literatura)


Capacidade artística: “Qualquer tipo de arte é uma coisa a mais que algumas pessoas têm (uma minoria) e que dá a elas uma condição que, às vezes, é até excêntrica. Está fora da normalidade que todo mundo espera” (Revista Você, 50)

Criação Literária: “A criação literária é uma atividade humana, tanto que ela persiste desde o início, quando o homem pintava nas paredes da caverna seus boizinhos, seus mamutes. Por que existe essa criação espontânea, que tem um valor extraordinário para a própria sobrevivência da humanidade?” (Revista Você, 50)

Erudito X Popular: “Eu vejo as diversas culturas como vasos comunicantes. Então, o que está numa, permeia-se, passa para outra. E o básico é a cultura popular [...] Então, acho que a gente deve ter sempre uma inspiração no que o povo diz e tentar dar àquilo uma forma erudita” (Revista Você, 50)

Leitura: “[Leitura] é uma forma de conversa com os grandes espíritos de todos os tempos. Uma forma de fazer os neurônios cerebrais se movimentarem, criando imagens” (Entrevista a Theomar Jones)

Não tenho preferência literária. Procuro ler o que me parece bom. Leio, leio, no mínimo duas horas por dia (Entrevista a Theomar Jones)

Projeto Literário: “Nunca me considerei um escritor ou um poeta. Sempre me achei um capixaba que, fazendo, procurou tirar seu torrão natal do marasmo em que ele sempre viveu” (Entrevista a Theomar Jones)

“Eu assumi, há 50 anos, o compromisso de escrever sobre o Espírito Santo, sentindo a falta que havia aqui de escritores que procurassem fazer trabalhos de ficção mais profundos e abrangentes sobre a nossa terra” (Revista Você, 50)

“Posso ajudar o Espírito Santo a ser um Estado mais consciente da sua própria identidade, de que ele vive, de que ele é importante no Brasil” (Revista Você, 50)

Escritor: “Em qualquer situação, na vanguarda ou na torre de marfim, seu trabalho é importante numa sociedade civilizada: ele é o ponto de encontro de dois mundos simbólicos, de duas repúblicas existenciais – a dos homens e a das letras” (A Oferta e o Altar)

“Mesmo que escreva sobre o passado [...] mesmo que relate a aventura do home no futuro [...] o escritor estará fazendo o inventário de seu mundo, de sua época, de seus semelhantes, baseado na sua realidade” (A Oferta e o Altar)

Escrever: “Trabalho obsessivamente. Mas prefiro contemplar. Vou colocando no subconsciente os assuntos a versar e, depois, em poucas horas, ou dias, ou meses, termino o que tenho em mente escrever” (Entrevista a Theomar Jones)

 “[Escrevo] quase todos os dias. Corto muito, mas reescrevo pouco. Sou muito preguiçoso e me considero mais um faiscador de pedras que um ourives” (Neples/UFES)

“Escrevo à mão, em rascunho, passando a limpo, também à mão, posteriormente” (Neples/UFES)

“Escrevo por prazer [...] Mas não é demonstração, não senhor. Texto concluído, porque ficar engavetado?” (Entrevista a Theomar Jones)

“Poesia só escrevo quando ela desce a mim. Prosa sempre que há um tema pertinente a desenvolver, de preferência voltado para o Espírito Santo, nossa Terra” (Entrevista a Theomar Jones)

“Só escreve quem está insatisfeito. Quem está satisfeito, no bem-bom, pára de escrever. Nós somos insatisfeitos, e por isto escrevemos” (Revista Você, 50)

“Eu diria que a gente escreve e vive. Porque nem tudo é escritura” (Revista Você, 50)

Estilo: “O romancista deve contar sua história com simplicidade. O estilo será inerente ao Autor que variará de estilo conforme a história que estiver sendo contada” (Entrevista a Theomar Jones)

“Nenhum estilo. Estilo nulo. Não tenho uma ‘língua pessoal’. E mudo através dos tempos. São quase cinquenta anos de aprendizado e continuo, ai de mim, aprendiz” (Neples/UFES)  .

Linguagem Literária: “Na prosa [...] procuro escrever corretamente, sem artifícios literários, de forma concisa, e de modo tal que todos os leitores medianamente preparados me entendam. Na poesia sinto algum hermetismo em meus poemas. Tem de ser assim, pois elas são fruto 90% de intuição. Não abro mão disto” (Neples/UFES)

“Ter sido aluno de Guilherme Santos Neves e de Jorge de Lima influenciou muito. Guilherme Santos Neves na parte da pureza da língua e Jorge de Lima na parte de que a poesia é algo transcendental, ela não tem nada a ver com o verso. Verso todo mundo faz. Agora, poesia, você tem que colhê-la no espaço” (Revista Você, 50)

 Prosa: “Quando o escritor escreve, ele não está se referindo a [Conceição da] Barra, ele está se referindo à sua realidade pessoal, que ele reviu com os olhos da imaginação” (Revista Você, 50)

“A obra em prosa é uma obra de sociologia, romance baseado numa realidade refeita de acordo com o seu desejo, com a sua visão. Ela é mais uma obra de anotação, em que você tem um fio condutor”. (Revista Você, 50).

“Formulo o começo e o fim. O resto é um alinhavar noturno, transformado em texto pela manhã, capítulo por capítulo” (Neples/UFES)

“Como qualquer arquiteto, ‘construo’, previamente, o que me vem à mente. Acredito no trabalho noturno do cérebro, este infatigável operário, que jamais dorme. As sinopses se juntam e dão ao autor o que ele pensa que é dele, mas é fruto de uma imensa corrente do social, do inconsciente coletivo, como queria Jung” (Entrevista a Theomar Jones)

“O conto tem de ser excelente ou não deve ser divulgado. Talvez seja o gênero mais difícil (para mim, ao menos, talvez porque seja indisciplinado)” (Entrevista a Theomar Jones)

Poesia: “A poesia é possessão, intuição, está no ar e você a recebe ou não” (Revista Você, 50).

“A poesia não é minha, nem de nenhum poeta/ É um longo canal que vai se acrisolando/ até atingir o cerne lírico do fundo da alma/ Os poetas são pois todos um só,/ aparelhos receptores de poética” (A poesia não é minha)

Poeta: “É muito bom ser poeta porque dá a você uma nova visão do mundo. Você vê o mundo com outros olhos e trabalha as palavras dando-lhes uma nova feição” (Revista Você, 50)

Escola Literária: “Defendo a mais ampla liberdade de criação. Nesse sentido [eu] seria um modernista, à Mário de Andrade” (Entrevista a Theomar Jones)

Crítica: “Diferentemente da maioria dos brasileiros, gosto que falem até mal dos meus textos, motivo para que eu os melhore. Não gosto quando há críticas injustas. Gosto que meus amigos me falem de meus acertos e desacertos” (Entrevista a Theomar Jones)

Aos Iniciantes: “Ler. Ler muito. Escrever. Escrever muito. Rasgar. Rasgar muito. Depois, enfrentar a crítica e o público airosamente” (Entrevista a Theomar Jones)

“Se você sentir em si a vocação danada do escritor, prepare-se adequadamente. Estude a língua, nos moldes mais aceitáveis, sem submissão absoluta aos cânones oficiais. Leia muito os bons autores, daqui e de fora. Escreva sempre, sem pressa de publicar. Depois saia à luta, porque editar, nesta terra, não é nada fácil” (Neples/UFES)