19 de maio de 2010

UMA BIOGRAFIA DE CLÓVIS


Lançada agora em 2010 uma biografia do jurista cearense Clóvis Bevilaqua, o autor do Código Civil de 1916, que vigeu no Brasil por mais de oitenta anos.

Obra organizada por Cássio Schubsky, ricamente ilustrada com fotografias e documentos, traça a trajetória da vida pública de Beviláqua e nos dá a conhecer fatos sobre sua vida particular, a companheira, a família.

Estão registradas as atividades do civilista, do criminologista, do filósofo, do constitucionalista, do historiador, do literato. Grandes personalidades do Direito atual prestam depoimentos sobre o biografado, a exemplo dos ministros Eros Grau e César Asfor Rocha, além de outros.

É importante a iniciativa, ainda mais porque sai com o selo de uma série denominada “Grandes Juristas”, da editora Lettera.doc, de São Paulo. Esperemos que a série continue: como diz o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, na Apresentação da obra

“a relação do direito com seus grandes nomes [permito-me acrescentar, no Brasil] é um tanto singular. Em vida, há intensos debates sobre sua produção acadêmica ou técnico-jurídica, quando não se lhes prestam homenagens sob a forma de citações elogiosas ou se lhes outorgam comendas ou títulos universitários. Pouco ou nada, todavia, é registrado sobre a vida desses homens e mulheres que, em larga medida, dedicaram-se à causa do Direito e da Justiça com a força de um sacerdócio. Com seu falecimento, só os textos por eles escritos testemunham sua passagem entre nós, sem que as circunstâncias nas quais se forjaram seus caracteres e suas contribuições teóricas venham a lume”.

De fato. Por isso a iniciativa é louvável, e louvável se inicie uma série a isso voltada contemplando o vulto de Clóvis. Para nós, capixabas, de simpática memória também por sua amizade de vida toda com Afonso Cláudio (talvez o nosso jurista maior).

Colega de quarto de Afonso Cláudio durante os anos de formação na Faculdade de Direito do Recife, Clóvis Beviláqua fez o prólogo à História da Literatura Espirito-santense, publicado em 1912. Ao “insigne jurisconsuto brasileiro Dr. Clóvis Beviláqua” dedicou Afonso Cláudio o primeiro volume do seu Estudos de Direito Romano, de 1916. As citações mútuas se multiplicaram ao longo da vida porque homens de gênio se reconhecem, o que inclusive está acima da circunstância de terem sido colegas de curso.

Clóvis Beviláqua: um senhor brasileiro merece leitura atenta. Os bons exemplos profissionais e de vida deveriam servir de norte a todos, em alguma medida.